Vender Fiado e a confiança no ser Humana!

Tem pouco mais de 15 dias que a Rain Coat deixou de ser apenas uma loja virtual e passou a ser, também, uma loja física. Nossa tudo é muito novo para mim, principalmente o contato com as pessoas. Na loja virtual o máximo contato  que eu conseguia manter com os clientes da Rain Coat era por meio de mensagens eletrônica. Eu adoro conversar com os clientes, principalmente quando eles mandam e-mails para contar as suas experiências com os  produtos, porém,  por mais atenciosa que eu tento ser, esse contato não é tão próximo quando eu gostaria. E é exatamente isso que eu mais gosto, e que Também, é o meu maior desafio na loja física, o contato com o cliente! A relação é muito mais pessoal e espontânea, e como a Rain Coat trabalha com artigos de presentes, sou presenteada todos os dias com ótimas  histórias, é aniversários de namoro, é presente de aniversário ou Natal, tem gente que chega querendo um big mega presente, ou “só uma lembrancinha”. Seja como for, todas as situações, o cliente da Rain Coat sempre entra na loja para celebrar um momento, uma data especial ou demonstrar carinho por alguém ou por si mesmo. Ou seja, cada cliente que entra na loja, sempre rende uma boa história.

Existe uma história em especial que me deixou super feliz, que  mexeu um pouco com meu coração e que me fez questionar os nossos valores. Assim que inaugurei a loja, comecei a distribuir panfletos para os pedestres que passavam aqui na porta da loja, como a maioria dos panfletos,o da Rain Coat tinha fotos de alguns dos nossos produtos , e entre esses produtos estava um jogo de xícaras super charmoso e estampado. Em uma certa tarde, uma senhora de idade entrou na loja e me mostrou o panfleto, que ela havia guardo com todo cuidado, me falou que desde o dia em que h recebeu o panfleto não conseguia tirar o jogo de xícaras da cabeça, que havia sonhado com as xícaras e tudo. Fiquei radiante com a declaração dela, apresentei as qualidades com o maior prazer e ela por fim resolveu levar o jogo de xícara, com apenas uma ressalva, teríamos que parcelar a compra em 2 vezes. Aceitamos cartões aqui na loja, então parcelar não seria problema nenhum. Registrei a compra fiz uma belo embrulho e questionei-a  sobre o cartão de crédito – Visa ou Master? – E surpreendentemente ela me responde: Não tenho Cartão. Fiquei sem entender e perguntei:  Então a senhora não vai mais parcelar?

Ela me respondeu da forma mais natural possível, como se aquila fosse uma pergunta tola:  Claro que vou parcelar, é só você anotar aí o meu nome e meu telefone, pago a primeira parte hoje e no próximo mês pagarei a segunda parcela.

A minha primeira reação foi: Desculpa senhora, mas só parcelamos no cartão. Infelizmente não vendemos fiado.

E ela me rebateu com a maior calma e elegância: Mas que bobagem, eu não vou sair daqui sem o meu jogo de xícara. Pode anotar aí meu nome, meu telefone e, se quiser anote também meu endereço.

A verdade é que aquela senhora me ganhou desde o primeiro momento e não tive coragem de negar o seu pedido. Falei: Tudo bem, normalmente não aceito fiado, mas vou confiar na senhora.

E ela me surpreende  falando: A minha filha, se você não confia em mim, eu que não quero mais levar a xícara.

Com essa frase ela deixou bem claro que  a nossa relação não envolvia apenas a troca do produto pelo dinheiro, nossa relação deveria se basear na confiança que uma tinha pela outra. Sim, ela também confiou na qualidade do meu produto, e eu deveria confiar nela também.

Eu falei que tudo bem, que eu confiava nela e que ficava aguardando-a no próximo mês. Mas assim que ela foi embora, fiquei super insegura, pensando na possibilidade daquela simpática senhora simplesmente me passar um calote. No fundo eu realmente acreditava que ela voltaria e nos dias seguintes desencanei e parei de pensar no assunto, resolvi simplesmente esperar o mês passar.

Essa situação me causou um certo desconforto, não pela situação em si, mas toda vez que eu contava a história para alguém, as pessoas falavam: Você é louca, não se vende fiado. E toda vez que eu ouvia a opinião das pessoas sobre essa venda, um sentimento de culpa tomava conta de mim, tanto que parei de contar a história e guardei-a comigo… Mas “pera aêh”, como assim, eu me sentia culpada por ter confiado em alguém? é certo sentir vergonha por acreditar nas palavras de uma senhora?

Com toda essa história percebi que estar cada vez mais difícil confiarmos um nos outros, que estamos nos habituando a desconfiança e a desonestidade e que com isso questionamos até a honestidade de uma simpática senhora.

Por fim, em menos de um mês, a simpática senhora entrou na loja dizendo que iria quitar sua dívida e que ainda iria levar mais um jogo de xícaras: Minha filha adorou, é o aniversário dela e vou levar uma para ela também. 🙂

Uffa! Que longa essa história! Lembrei que ainda não postei nenhuma foto da loja aqui no blog, segue a vitrine dessa semana!

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4 Respostas para “Vender Fiado e a confiança no ser Humana!

  1. Ai que história fabulosa. resgata um sentimento esquecido. que ainda existem pessoas boas e honestas. Cada palavra que li deste texto era comi se estivesse presenteando tudo. adorei. Milhões de beijos e muito mais muito sucesso mesmo.

  2. Você é realmente é HUMANA e sabe cativar as pessoas com a seu carisma…precisamos realmente acreditar mais na humanidade da …que DEUS te proteja e abençoe…

    • Tercia, muito obrigada! Concordo com você: “precisamos realmente acreditar mais na humanidade”

      Um grande beijos, que Deus te proteja e abençoe!

      P.s.: Nesse dia, em que a senhora veio pela primeira vez, ela falou “Que Deus lhe abençoes”, coincidência ou não, aquele vou um dos dias em que tivemos o maior número de vendas no mês de dezembro 🙂

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